Enquanto uns querem emprego, outros saem: pedidos de demissão batem recorde no Brasil

Em um primeiro momento, a notícia pode parecer estranha, mas é isso mesmo. Enquanto cerca de 10 milhões de pessoas buscam por trabalho, milhares têm se desligado voluntariamente de seus empregos todos os meses – e o país, inclusive, tem batido recordes nesse sentido.
Um levantamento feito por uma consultoria especializada em economia nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, d Ministério do Trabalho,  o Caged, mostra que, de 1.773.161 de desligamentos registrados em agosto, 632.798 foram voluntários, ou seja, praticamente 36 em cada 100 foram demissões a pedido do trabalhador.
É um volume recorde de pedidos de demissão em um único mês desde janeiro de 2020, quando esse tipo de análise começou a ser feito.
Em todo território nacional, só não houve recorde nos pedidos de demissões no oitavo mês do ano Amapá, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
No acumulado de 12 meses, também houve novo recorde no número de pedidos de demissão. O país registrou 6.595.634 pedidos nos últimos 12 meses até agosto entre os trabalhadores com carteira assinada.
Esse número equivale a 32,5% do total de desligamentos de trabalhadores no período, que foi de pouco mais de 20 milhões, 260 mil.
Algumas questões ajudam a entender o aumento no número de pedidos de demissão. Muitas empresas, por exemplo,  estão voltando para o trabalho presencial e alguns funcionários têm preferido pedir demissão para tentar um trabalho que possa ser feito de casa ou, ao menos, de forma híbrida.  
Além disso, há o movimento bem nítido em alguns setores que estão mais aquecidos e com abertura mais intensa de vagas; acaba aumentando as chances de o trabalhador trocar o trabalho atual por uma vaga que ofereça melhor remuneração ou condições melhores, de maneira geral.